LEI DE MOISÉS
Ou Lei de Deus (Js 24,26), é o conjunto das leis e prescrições religiosas e civis colecionadas nos cinco livros de Moisés ( Pentateuco), atribuídos a Moisés. Estes livros, que constituíam a parte básica da leitura e instrução nas sinagogas, contêm, além de coleções (Ex 25-31; 36-40; Lv 1-16; 23-27; Nm 1-10; 17-19), alguns códigos mais amplos: Código da Aliança (Ex 20,23-23,19), a Lei de Santidade (Lv 17-22) e o Código Deuteronômico (Dt 12-26).
Além destas leis escritas, os fariseus observavam a tradição oral, a Mixná, também atribuída a Moisés.
Posição de Jesus perante a Lei de Moisés: Jesus não veio para abolir a Lei de Moisés mas cumpri-la no seu essencial (Mt 5,17). Observa a Lei (Jo 2,13; 5,1; 7,10; Mt 26,17-19; Lc 22,7-15). Jesus, porém, além de criticar o abandono da Lei de Moisés por parte dos fariseus em favor de suas tradições (Mt 15,2-9), contesta a própria Lei (Mt 12,1-8.9.14; Lc 13,1-17; Jo 5,9-12; Mc 1,41; 7,14-23; Lc 7,14; Mt 5,21-48). A atuação de Cristo frente à Lei é um esforço por tirar as conseqüências da sua redução ao amor de Deus e do próximo (Mt 7,12; 22,34-40; Mc 12,28-34; Lc 10,25-29).
Posição de Paulo perante a Lei: A polêmica que aparece em At 7,1-53; 10,1-11,18 atinge o seu ponto culminante com o apóstolo dos pagãos (Gl 1,16; At 15,1-33): somos justificados não pelas obras da Lei mas pela fé em Cristo (Rm 3,20-28; Gl 2,16-21; 3,11). A Lei não justificou nem a judeus nem a gentios (Rm 2,12-24). A Lei era transitória (Rm 5,20; 7,1-6; Gl 2,19; 3,13).
A Lei de Cristo (1Cor 9,21; Gl 6,2) é a "plenitude" da Lei mosaica (Rm 13,8-10). É a pessoa de Cristo (Ef 4,20). É a lei do Espírito (Rm 8,2). É a lei da liberdade (Gl 5,1.13), a lei da fé (Rm 3,27). É o mandamento novo (Jo 13,34; 15,12; 1Jo 3,23).
Além da Lei de Moisés e da Lei de Cristo existe a Lei natural (At 14,16; Rm 1,19s; 2,14s).
LEITE E MEL
São produtos naturais da terra de Canaã, obtidos sem muito trabalho. Por isso a Terra Prometida é descrita, em oposição ao deserto, como "terra onde corre leite e mel" (Ex 3,8; Nm 13,27; Dt 6,3). Leite e mel simbolizam as bênçãos divinas da Terra Prometida. A abundância de leite é sinal de prosperidade e riqueza e imagem da felicidade dos tempos messiânicos (Jl 4,18; Is 55,1; 60,16).
LEPRA
Duvida-se que esta palavra nas traduções bíblicas indique a mesma doença que nós hoje conhecemos por lepra ou "mal de Hansen". De fato, "lepra"nas versões da Bíblia traduz o termo hebraico sara'at, que inclui qualquer doença de pele e mesmo manchas em paredes ou roupas (cf. Lv 13-14 e notas).
Não se justifica, pois, pela Bíblia o ostracismo social em que nossa sociedade coloca os "leprosos" (hansenianos). O motivo pelo qual na Bíblia se isola o "leproso"não é o medo de um contágio por algum bacilo, mas o da impureza ritual ( puro-impuro). Cristo curou o leproso tocando-o com a mão (Mc 1,40-45), sem temor algum de contágio ou impureza, mostrando assim que a impureza que contamina é aquela que vem do coração (Mc 7,15-23).
A lepra (hanseníase ou hansenose) que nós hoje conhecemos é uma enfermidade crônica, moderadamente contagiosa, com alterações principalmente na pele e nos nervos periféricos. Primeiros sinais: manchas mais claras na pele que se caracterizam pela "dormência" (insensibilidade à dor, ao frio e ao calor); aos poucos as inflamações nos nervos periféricos vão produzindo deformidades nas extremidades (mãos e pés). Hoje a ciência descobriu vários remédios que curam ou interrompem o processo da doença, sobretudo se a assistência médica for logo procurada. Feito o tratamento adequado a pessoa pode voltar ao seu trabalho e ao convívio familiar, sem perigo nenhum de contágio.
É, pois, um preconceito desumano, destruidor da fraternidade e nada cristão negar emprego ou vaga na escola a um hanseniano, ou, pior ainda, rejeitá-lo do convívio familiar.
LEVIRATO
O termo vem do latim levir, "cunhado". Normalmente o casamento entre cunhados era proibido (Lv 18,16; 20,21). Mas a lei do levirato obriga o cunhado a casar-se com a cunhada, quando esta ficou viúva sem ter tido um filho homem (cf. Dt 25,5s e nota). O primeiro filho desta união era considerado filho e herdeiro do falecido. A finalidade principal de tal matrimônio era conservar o nome do falecido e a propriedade dentro do clã (cf. Gn 38; Rt 4,3-5; Mt 22,24 e notas).
LEVITA
Na tradição israelita é um membro da tribo de Levi, o terceiro filho de Jacó e Lia (Gn 29,34; 35,22-26). Mas originariamente "levita"era alguém que exercia funções sacerdotais. Com o tempo, todos os que exerciam funções sacerdotais foram identificados com a tribo de Levi. Mais tarde, quando o sacerdócio de Jerusalém passou a ser considerado o único legítimo, os sacerdotes que exerciam as funções fora de Jerusalém foram degradados à função de auxiliares do culto (1Cr 23,4-6). Ver as notas em Nm 3,11-13; 8,10-12; 18,20-25.
LIBAÇÃO
Rito complementar de um sacrifício, que consistia em derramar azeite, água e vinho em torno do altar (Gn 35,14; 2Sm 23,16; Dt 32,38). Paulo usa o termo em sentido figurado (Fl 2,17; 2Tm 4,6).
LÍBANO
Cadeia montanhosa ao norte da Palestina. O nome vem de laban, que significa "ser branco", e alude aos picos cobertos de neve (Jr 18,14).
LIBERDADE
Cristo nos libertou da Lei mosaica (Rm 6,17-23; 7,1-6; Gl 4,4-31; Lc 4,18s). Consiste na libertação do pecado (Jo 8,31-36; Rm 6,22; Gl 5,1.13; Tg 1,25; 2,12; 1Pd 2,15s). Vem pela fé em Cristo (Rm 6,17-23; Gl 4,21-30). Onde age o Espírito aí há liberdade (Rm 8,2; 2Cor 3,17); a liberdade tem limites (Gl 5,13-26).
LIBERTAÇÃO
Ação pela qual uma pessoa ou um povo são tirados da escravidão, tornando-se livres. No AT o povo de Deus passou por duas experiências históricas de libertação: da escravidão do Egito (cf. Ex 3,12; 19,1-24,11) e do cativeiro da Babilônia. No NT a libertação não é uma experiência político-temporal, mas sobretudo espiritual. Só Cristo pode libertar a pessoa humana (Jo 8,32-36; Rm 6,18-22) da Lei, do pecado e da morte (7,3-6; 8,2), para colocá-la a seu serviço e ao de seus irmãos (1Cor 7,21s; 9,19).
LÍNGUA
É necessário dominá-la (Pr 25,28; Ecl 5,2; Mt 12,36; Ef 4,29; 5,3s; Cl 4,6; Tg 1,19.26; 3,2-12). As más línguas (Sl 52,4; 57,5; 140,4; Pr 18,8; Eclo 9,18; 28,17-23).
Falar em línguas é um carisma. É a oração de louvor, dirigida a Deus em estado de exaltação mística. Por ser incompreensível, necessita de um intérprete para ser entendida pela assembléia (1Cor 12,10-30; 13,1.8; 14). É um dom prometido aos discípulos de Cristo (Mc 16,17), mas inferior à profecia. O fenômeno se realizou no dia de Pentecostes (At 2,3s.11.15).
LUA NOVA (NEOMÊNIA)
No calendário lunar a lua nova marca o início do mês; era considerada um dia santo. Nesse dia não se trabalhava (Am 8,5), promoviam-se banquetes familiares de caráter religioso (1Sm 20,5-26), ofereciam-se sacrifícios (Nm 28,11-15; Is 1,12s; Os 2,13), consultava-se a Deus (2Rs 4,23) e o luto e o jejum eram interrompidos (Jt 8,5s).
LUGARES ALTOS
Ou "santuários das alturas" (em hebraico bamot) designa santuários cananeus em geral construídos numa colina, ou topo de um monte (Nm 33,52). Os israelitas praticavam o culto em tais santuários antes da construção do templo (1Rs 3,2). Mais tarde, sobretudo com a centralização do culto promovida pelo rei Josias (2Rs 22-23), foi proibida a freqüência aos lugares altos (Dt 12,2-14), que foram destruídos e profanados (2Rs 23,5.19s). Ver "Festa".
LUZ
Deus criou a luz natural, o dia, o sol, a lua e as estrelas (Gn 1,3.5.16-18). Em sentido simbólico, a luz identifica-se com a vida (Jó 3,20; 38,15) e a proteção divina (Jó 29,3; Sl 27,1). A luz é o lugar da felicidade, da vida; as trevas, o lugar da infelicidade e da morte (Jó 30,26; Is 8,21-9,2) A luz simboliza a glória divina (Ex 13,21; Br 5,9), inacessível ao homem (1Tm 6,16). A luz é símbolo de Cristo (Jo 8,12). Diante de Cristo que é luz é preciso optar (Rm 13,12-14; Jo 3,17-21). Os homens são filhos da luz e filhos das trevas, cegos e videntes (1Jo 1,5-7; 2,9s; Ef 5,7-18; Jo 12,36).
Os cristãos são chamados "filhos da luz"por terem recebido a graça e a luz da verdade, que devem difundir pelo bom exemplo (Mt 5,14; Ef 5,8). A conversão é iluminação (Is 2,5; At 26,17s; 2Cor 6,14-16; Mt 5,13-16).