MACEDÔNIA
Região na costa setentrional do mar Egeu, habitada pelos macedônios, que corresponde à metade da atual Grécia e Albânia. É a terra de Alexandre Magno (1Mc 1,1). Mais tarde, como província romana, foi visitada por Paulo, na segunda e terceira viagens missionárias (At 16,9-12; 18,5; 20,1-3).
MADIANITAS
Coligação de tribos árabes (Gn 25,2) cujas pastagens estavam ao leste do Golfo de Ácaba. Às vezes penetravam até a planície de Jezrael (Jz 6-7) ou se empregavam como guias de caravanas (Gn 37,28.36). Moisés casou-se com a filha de um sacerdote madianita (cf. Ex 2,15-21 e nota) e instituiu juízes a conselho do sogro (18,13-27). Mas houve também choques armados com os madianitas, pouco antes de Israel entrar em Canaã (Nm 25,6-18; 31,1-12).
MÃE
Ver "Mulher".
MAGOG
Filho de Jafé (Gn 10,2), antepassado dos povos do Norte que viviam junto ao mar Negro. Nos textos apocalípticos simboliza os inimigos de Israel (Ez 38,2; 39,6; Ap 20,7-9).
MAGOS
Originariamente eram uma tribo meda, que desempenhava funções sacerdotais na religião persa. Como tais sacerdotes se dedicavam à astronomia, astrologia e forças ocultas, mago passou a ser sinônimo de feiticeiro (At 8,9-11; 13,6-8). Os sábios do Oriente que vieram adorar o menino Jesus são chamados "magos" (Mt 2,1-12).
MAL
Problema do mal: Solução anterior à religião hebraica: dualismo, princípio do bem e princípio do mal (Sl 103,5-9; Jó 26,12; Ap 20,1-13). Certos textos atribuem a Deus o mal (1Sm 16,14-23; Am 3,6).
Outra solução vê a causa do mal no pecado pessoal (Gn 3,16-19; 1Rs 8,33-46; Jr 4,1-22; Jó 4,6-5,7; Ecl 8,10-14). Esta solução é insuficiente pois muitos justos, sem pecado, sofrem (Ez 18,2-28; Jo 9,1-3).
Solução-compensação: os que sofrem nesta vida serão felizes na outra (2Mc 7,9-36; Sb 3,1-9; Lc 16,19-26; 6,19-26; 1Cor 15,1-34).
Outra solução faz do sofrimento um castigo educativo (Os 2,4-19; Jr 31,18-20; Dt 4,25-32).
Ainda uma outra solução complementar das anteriores: o sofrimento expiação (Dt 8,2-6; Pr 3,11s; Jó 5,17-19; 33,19-28; 2Cor 5,1-5.18-21; Gl 3,10-13; Hb 2,9-18; 12,5-12; Rm 3,25s).
Cristo aceita livremente fazer-se instrumento de salvação dos seus irmãos pelo sofrimento (Mt 20,17-28; 1Pd 2,21-25; Ef 5,1-9; Rm 8,18-21; 2Cor 5,1-5). Desde então o sofrimento de cada homem participa no de Cristo (2Cor 6,1-10; Cl 1,24).
MALDIÇÃO
Ver "Imprecação".
MANÁ
Nome de alimento miraculoso que sustentou a caminhada de Israel pelo deserto. Sobre a origem e natureza do "maná"veja as notas em Ex 16,15 e Nm 11,7-9. O maná tornou-se símbolo da providência divina, do alimento dos tempos messiânicos e da Eucaristia (Jo 6,31; 1Cor 10,1-22; Hb 9,4; Ap 2,17).
MANUSCRITO
Como a imprensa é uma invenção moderna (1450), os livros antigos eram escritos à mão, donde "manuscritos". Escrevia-se em tiras de couro ( pergaminho) ou papiro produzido no Egito, que eram enroladas, formando um rolo, ou dobradas para formar um códice.
MÃO (DE DEUS)
Simboliza o poder soberano e terrível de Deus (Dt 3,24; Jó 19,21; 1Pd 5,6), que intervém neste mundo (Sl 31,6-16) e domina a história dos homens (Ex 13,3.14; 1Sm 5,9; At 4,28-30). O Pai entregou todo o poder nas mãos de Jesus (Jo 3,35; 13,3).
MARIA
Conhecem-se várias Marias na Bíblia:
MARIA (MÃE DE JESUS)
É a cheia de graça (Lc 1,28): Indica a beleza e a fidelidade da esposa (Eclo 26,13-15).
Maria, Filha de Sião : Os profetas convidaram a Filha de Sião a "alegrar-se"pela presença do Messias (Sf 3,14-18; Zc 2,14; Is 12,6). Lucas (1,28-38) saúda a Virgem com um grito de alegria. Em At 1,12-14, onde se narra o nascimento da "Nova Sião" (a Igreja), Maria encontra-se presente.
Maria,a bendita entre as mulheres (Jz 5,24; Jt 13,17s; Lc 1,42). A aliança de Deus com Abraão é fonte de bênçãos (Gn 12,2s; 13,16; 15,5; 17,2-6; 22,17). Deus abençoará o fruto das entranhas daqueles que lhe são fiéis (Dt 7,12s; Lc 1,42).
Maria, Arca da Aliança : A expressão "o Senhor está contigo" (Lc 1,28) é uma fórmula da Aliança. Deus está com Maria como esteve com Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, etc. (Gn 26,3.24; 31,3; Ex 3,12; 2Sm 7,9; Jr 1,6-8; Dt 20,1-4; Is 7,14; 41,8-14; 43,1-5).
Maria, mãe do Messias, Servo Sofredor (Gn 3,15-17; Is 7,14; Mq 5,1-15; Mt 1,23; Jo 19,25-27; Ap 12).
Cântico da Serva do Senhor: No Magnificat distinguem-se três coisas: o cântico de vitória e de louvor (Lc 1,47-49); o cântico dos pobres de Javé (Lc 1,50-53); o cântico da Aliança com Abraã (Lc 1,54s; Gn 15,5s; Hb 11,8-19).
MAR MORTO
Mar interno da Palestina, onde desemboca o rio Jordão. Suas águas contêm 25% de sais minerais, não permitindo a existência de nenhuma forma de vida. Tem cerca de 80 km de comprimento por 15 de largura e está a 394 m abaixo do nível do mar. Na parte sul do mar Morto estavam, provavelmente, localizadas as cidades de Sodoma e Gomorra. A noroeste do mar Morto, no deserto de Judá, foram descobertos antigos manuscritos da Bíblia, relacionados com as ruínas do mosteiro de Qumrân.
MAR VERMELHO
Tradução grega da expressão hebraica "mar dos Juncos" (yam suf). Foi identificado, no passado, com o Golfo de Suez ou o Golfo de Ácaba (Nm 14,25; 21,4; Dt 1,40), que teria sido atravessado pelos israelitas a pé enxuto, depois de saírem do Egito. Hoje se admite que o "mar dos Juncos"tenha sido uma pequena enseada do mar Mediterrâneo (mar Sirbônico), ou a zona pantanosa do norte do Delta do Nilo (cf. Ex 10,19; 14,21-31 e notas).
MATEUS
Um dos doze apóstolos, identificado com Levi, filho de Alfeu, cobrador de impostos (Mt 9,9; Mc 2,14). É considerado como o autor do Primeiro Evangelho. Ver a Introdução ao Evangelho de Mateus.
MATRIMÔNIO
Tem dupla finalidade: a ajuda mútua (Gn 2,18-24; Tb 8,5-8; Eclo 40,23; 1Cor 7,1-9) e a procriação (Gn 1,28; 9,1; Tb 8,9; Mt 22,24-28). A Lei permitia o divórcio (cf. Dt 24,1-4 e nota) e a poligamia (cf. Gn 4,19 e nota); mas Jesus condena ambas as práticas (Mt 5,32; 19,9; Mc 10,2-10; Lc 16,18; Rm 7,2s; 1Cor 7,10s.39) e exalta o valor do celibato por causa do Reino dos Céus (Mt 19,12; Lc 18,29).
Aliança entre Deus e Israel é comparada com a relação existente entre os esposos (Os 1-2; Is 54,5-7; Jr 2,2; Ez 16,6-14; Sl 45; Ct 1,8). Deus é o esposo fiel e ciumento (Jr 31,3s; Ct 8,6; Is 62,3-5).
Jesus se apresenta como o esposo da nova aliança (Lc 5,33-39; Jo 3,28-30; Mt 22,1-14; 25,1-13; Ap 19,7s; 21,1s).
Nesta linha, Paulo vê na união matrimonial um sacramento (sinal) da relação entre Cristo e a Igreja (Ef 5,23-33).
MEDIADOR
É o intermediário entre duas partes que procuram entrar em acordo. As religiões sentem necessidade de mediadores entre Deus e os homens. Moisés (Nm 14,13-20), os anjos, os reis, os profetas e sacerdotes exercem esta função no judaísmo. As mediações do AT são insuficientes (2Cor 3,6-9; Rm 7,7-13; Gl 3,10s; Hb 10,1-11) para colocar o homem em comunhão com Deus. Jesus é o único verdadeiro mediador (1Tm 2,5; Hb 8,6; 9,14s), solidário com os homens (5,7-9), pelo qual temos acesso ao Pai (9,11-25; 12,24).
MELQUISEDEC
Rei e sacerdote que ofereceu pão e vinho após a vitória de Abraão sobre os seqüestradores de Ló (cf. Gn 14,18-20 e nota). É considerado uma figura de Cristo (Hb 5,6.10; 7,1-18), eterno sacerdote.
MEMORIAL
É a parte dos sacrifícios de cereais que, com ou sem incenso, é queimada pelo sacerdote no altar, em combinação com a oferta de comestíveis (cf. Lv 2,2 e nota), sendo o restante reservado à manutenção dos sacerdotes. É, pois, a parte do sacrifício que pertence exclusivamente a Deus: a oferta faz Deus lembrar-se do homem, ou leva o homem a lembrar-se de Deus, a quem pertencem todos os sacrifícios.
MENTIRA
É proibida (Ex 23,7; Pr 12,22; Mt 5,37; 12,35-37; Jo 8,44; Ef 4,25; Cl 3,9); é perniciosa (Pr 19,9.22; Eclo 20,24-26; Ap 22,15); veracidade (Zc 8,16; Jo 1,47; Rm 9,1; 1Cor 13,6; Gl 1,20).
MERECIMENTO
Nosso (Eclo 16,14; Jr 25,14; At 3,12; 1Cor 3,3); de Cristo (Jo 1,17; 3,16s; 15,5.8; Rm 3,23s; 5,8-10.20; 6,23; Ef 1,2; Fl 2,8; Cl 1,14).
MESSIAS
É "o ungido", o rei elevado à sua dignidade por uma unção com óleo (1Sm 10,1; 16,13; 2Sm 2,4; 1Rs 1,39). O termo é também aplicado a Ciro, rei dos persas (Is 45,1). Pela unção a pessoa passa a gozar de uma relação especial com Deus e participa de sua autoridade (cf. 1Sm 24,7; 2Sm 1,14). O Sumo Sacerdote também era ungido para exercer sua função (Lv 4,3-16; 6,15). O termo "ungido"passou a designar o futuro rei (Dn 9,25s), descendente de Davi, esperado pelos judeus (Mc 10,47s). Em grego, Cristo corresponde ao hebraico "Messias" (Jo 1,41; 4,25), tornando-se um título de Jesus (Rm 1,1).
MIDRAXE
Exposição e ilustração da Sagrada Escritura, em uso no judaísmo, que visa aplicar o texto para o momento presente, exortando a bem viver (cf. Ez 16; Is 60-62; Sl 78).
MILAGRE
Os judeus tinham um conceito de milagre bastante diferente do nosso. Todas as manifestações de Deus, na natureza e na história, eram para eles maravilhosas (Sl 138,14; Jó 5,9). Atribuem a Deus todos os acontecimentos, como a derrota dum inimigo, um vento impetuoso, um rumor de passos (1Sm 14,22s.45; Gn 24,12-21; Ex 14,21-23; 2Sm 5,24). A história do povo eleito, no seu conjunto, é um milagre (Ex 7,10-13; Ne 9,20s; 1Rs 18,18-40; Is 7,10-14).
Também os magos faziam milagres (Ex 7,10-23; 8,1-15; 9,8-26; Nm 22-24). No entanto, os milagres só são sinais de Deus se houver fé (Ex 7,3-9; Dt 4,34; 6,22).
A essência do milagre na Bíblia está em ser ele um sinal do poder e da misericórdia de Deus (cf. Dt 13,2-6 e nota). O que importa é esta função de sinal e não o fato de estar acima das assim chamadas "leis da natureza". Aliás, o israelita não distinguia entre causalidade natural e ação direta de Deus (Sl 19,1-7; 104; 135,6s; Jó 38). Por isso não distinguia entre sinais "naturais"e "sobrenaturais". Também os milagres de Jesus são vistos como sinais da bondade divina, que provocam experiências de salvação (Mt 12,38s; Mc 8,11s) e levam a crer na doutrina e na pessoa de Jesus (Jo 2,11.18.23). Os milagres são sinais do Reino de Deus que vence a Satã (Mt 12,28; At 2,22; 10,38).
MILAGRES DE JESUS
MINISTÉRIOS
Ver "Carisma", "Bispo", "Sacerdote", "Diácono".
MISERICÓRDIA
O termo hebraico "hesed " (misericórdia) designa todos os laços que ligam os membros de uma comunidade: favor, benevolência, afeto, bondade (Gn 20,13; 47,29; 1Sm 20,8-15; Sl 36,6-11).
No começo da aliança fala-se exclusivamente da misericórdia de Deus, no sentido de amor gratuito (Dt 7,7-13; 9,4-6; Ez 16,3-14; 2Sm 7,12-15; Is 54,10; Dn 9,4).
Misericórdia de Deus é amor aos mais pobres, entre os quais sobressaem os pecadores (Is 14,1s; 49,13-15; Lc 10,29-37; Jo 10,1-21; Ex 34,6s; Is 27,11; 30,18; Lc 7,36-50; 15,1-32).
Esta graça e misericórdia de Deus corporizam-se em Cristo (2Cor 5,18-21; 8,9; Gl 2,21; Hb 2,5-13; Ef 2,4-7; Cl 2,13s; Tt 2,11; 3,4).
A misericórdia do homem, como resposta à misericórdia de Deus, é mais importante que os atos de culto (Os 6,6; Mt 5,7; 9,10-13; 12,1-7; 23,23; Lc 10,29-37; 6,36-38; 13,6-9; 15,1-32).
MISSA
Ver "Eucaristia".
MISSÃO
Deus enviou seu Filho a este mundo para salvá-lo e lhe dar a vida (Jo 10,36; 16,27s; 6,38; Lc 4,18; 19,10). O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo (Jo 14,16; At 2,1-11). Jesus enviou os apóstolos pelo mundo para continuarem a sua missão (Mc 3,13; 16,15s; Mt 10,1-42; 28,18s; Jo 20,21).
MISTÉRIO
No mundo grego "mistério"eram cerimônias religiosas secretas, nas quais tomavam parte apenas pessoas iniciadas. "Mistério"tem o sentido geral de "coisa oculta, obscura, secreta". No NT o termo é usado não tanto no sentido de algo incompreensível à razão, mas como revelação: "Mistério"são as ações de Deus para estabelecer o seu reino (Mt 13,35; Ap 10,7), por meio de Jesus Cristo e da Igreja (Ef 1,9s; 3,1-9; Cl 4,3); é a sabedoria divina revelada em Cristo (1Cor 2,7s; Cl 1,25-27; 1Tm 3,16), especialmente o plano de Deus, inacessível ao homem mas revelado por Jesus Cristo, de salvar todos os homens (Rm 16,25s).
MOAB
Um dos filhos de Ló. A origem dos moabitas, descendentes de Moab, é descrita de modo vergonhoso (cf. Gn 19,30-38 e nota), por causa de sua constante rivalidade com os israelitas (Nm 22,1-4; Is 15; Jr 48; Ez 25,8-11). Ver "Amon".
MOCIDADE
Idade das paixões (Sl 25,7; Ecl 11,9s; Jr 31,19; 2Tm 2,22; Tt 2,6); temor de Deus (Sl 119,9; Ecl 12,1; Eclo 51,13-15; 1Pd 5,5); disciplina necessária (1Sm 2,26; Pr 1,8s; 4,1; Eclo 6,18-20; 25,3; Lc 2,46; 1Pd 5,5).
MOEDA
Inicialmente as transações comerciais se faziam pelos sistemas de permuta de mercadorias. Depois as mercadorias passaram a ser avaliadas por unidades de peso de metal precioso (ouro ou prata). O costume de cunhar moedas, enquanto dinheiro garantido pelas autoridades quanto ao peso e pureza do metal, foi introduzido no séc. VI aC pelos persas. No tempo de Cristo circulavam na Palestina moedas romanas, gregas e locais, cunhadas em ouro, prata e bronze. Sobre o tipo e valor das moedas, veja a tabela específica.
MOISÉS
O nome é de origem egípcia (cf. Ex 2,10 e nota). Casado com uma madianita (2,11-22) ou etíope (Nm 12,1), Moisés é apresentado na tradição bíblica como um homem de origem israelita. É o libertador dos israelitas da opressão egípcia, promulgou as leis de Deus e conduziu o povo a Canaã, mas morreu sem ali entrar. A ele se atribui a "Lei de Moisés", um cântico (Dt 32,1-43), uma bênção (33,1-29) e um salmo (90).
Para o judaísmo Moisés é o personagem mais importante da história da salvação, uma figura do Messias (Dt 18,15-18). No NT é visto como mensageiro de Deus e mediador da Lei, que recebeu no Sinai; é a testemunha e o modelo de fé (At 7,17-44; Hb 11,23-29). Mas Jesus lhe é superior como chefe, redentor, legislador e profeta (Mt 17,3; Jo 1,45; At 7,35; Hb 3,2s). Ver "Lei de Moisés".
MOLOC
Divindade cananéia a que se ofereciam sacrifícios humanos (Lv 20,5; 2Rs 16,3; 23,10).
MONTANHA
Em oposição ao Egito e à Babilônia, a Palestina é uma região de montanhas; por isso a expressão "subir do Egito" ou "subir a Jerusalém". Montanhas caracterizam a região da Judéia, Samaria e Galiléia em oposição à planície costeira do Mediterrâneo.
A montanha é considerada habitação da divindade. Por isso os santuários se localizavam muitas vezes no topo dos montes ( lugares altos).
Foi nos montes Sinai (Dt 33,2) e Tabor (Mt 17,1-8) que Deus se revelou. A colina de Sião, sobre a qual estão Jerusalém e o templo, é a montanha "onde o Senhor habitará para sempre" (Sl 68,17) e implantará seu reino escatológico (Is 2,2-5).
MORTE
É o destino universal do homem (Js 23,14; 1Rs 2,2; Ecl 12,7). A Escritura não reflete sobre a morte como processo fisiológico. Mesmo quando diz "exalou o espírito"ou "Deus retira o hálito de vida"não se refere à alma em sentido atual, mas à aparência externa da cessação de respiração (Jó 34,14; Ecl 12,7; Mt 27,50; Lc 23,46; Jo 19,30).
A morte repentina e prematura é considerada efeito da ira de Deus (Jó 15,32; Sl 55,24; Nm 27,3), especialmente a morte dos pecadores (Sl 34,23; Pr 11,7; Eclo 41,1; Lc 16,22).
Deus é o Senhor da vida e da morte (1Sm 2,6; Jó 14,5). Esta aparece como hostil a Deus, pertencendo ao império de Satã (1Cor 15,26; Ap 6,8; 20,12s; Hb 2,14).
A morte é vista como conseqüência do pecado (Gn 2,17; 3,19; Sb 2,23s; Eclo 25,24; Rm 5,12; 1Cor 15,21s).
O Xeol é o reino da morte, considerado como uma gruta subterrânea debaixo das águas do abismo (Gn 37,35; 1Rs 2,6; Pr 9,18; Jó 10,21s).
No AT é difícil encontrar a idéia de uma vida para além da morte. Contudo, alguns textos mais tardios falam duma futura ressurreição (Dn 12,2; 2Mc 7,9.11.14.23) e de uma vida junto de Deus (Sb 5,15s; 6,18s).
No NT Cristo aniquilou a morte com a sua própria morte (Rm 5,6-8; 2Cor 5,14s; Gl 3,13; Cl 1,18). Descendo ao Xeol (1Pd 3,19; 4,6), recebeu as chaves do reino da morte (Ap 1,18), o último inimigo a ser vencido (1Cor 15,25s; Ap 20,14).
O cristão, batizado em Cristo, deve morrer diariamente (Rm 6,11s; 8,10; 2Cor 4,7-12; 6,9).
MULHER
A condição social da mulher no AT é bastante má (Lv 27,3s; Gn 16,1-14; 30,1-4; 24,16-30; Nm 27,1-10; Dt 22,23-29).
A literatura sapiencial reconhece-lhe, contudo, alguns valores (2Sm 11,1-5; Ez 24,15-18; Eclo 36,23-27; Pr 5,15-18; 12,4; 31,10-31).
Certas atitudes de Cristo manifestam a vontade de libertar a mulher da sua condição (Lc 8,1-3; 10,38-42; Jo 12,1-8). Assim, as mulheres vão tomando importância no NT (1Cor 7,3-5; 11,11s; Jo 20,1-7; Rm 16,1s.6.12; At 5,14; 16,13-15; Fl 4,2s).
O Evangelho de Lc preocupa-se por dar relevo às mulheres na vida de Cristo (Lc 7,36-50; 8,1-3; 10,38-42; 18,1-6).
Proclama-se a igualdade radical entre homem e mulher (Gl 3,28; Gn 1,27), contudo, mesmo no NT, em alguns aspectos, a mulher é vista à luz da sociologia judaica (1Cor 11,2-12; 14,34s; 1Tm 2,11s).
MUNDO
A palavra tem várias significações:
O universo, ou cosmo (Sl 24,1). A idéia que os escritores bíblicos tinham do mundo era a dos homens de seu tempo. Concebiam-no como uma casa com três divisões: uma gruta o Xeol ; um rés-do-chão -a terra firme, morada do homem, colocada sobre o grande abismo (1Sm 2,8; 1Cr 16,30; Sl 24,2; Jó 38,4), apoiada em quatro colunas (1Sm 2,8; Is 24,18; 40,21; Jr 31,37; Mq 6,2; Sl 18,16; Jó 9,6), e coberta pela abóbada do firmamento (Gn 1,14-18) no qual Deus dependurou as estrelas (Gn 1,16; Js 10,12s; Eclo 46,4) e sobre o qual havia um mar de águas doces (Gn 7,11; 8,2; Is 24,18; Ml 3,10); um primeiro andar -o céu, a morada de Deus.
O judaísmo distingue o mundo presente, sujeito à corrupção, ao pecado (Is 13,11-13; Jo 14,27; 1Cor 1,20s), e o mundo vindouro que corresponde ao reino de Deus (Jo 13,1; 16,28; 1Cor 6,2).
Mundo é também tudo que se opõe a Deus e a Cristo (Jo 1,10; Ef 2,2). Deus, porém, ama o mundo e enviou seu Filho para salvar a todos que nele crerem (Jo 3,16).